Doença de chagas: como identificar e como é transmitida?
A doença de Chagas é um problema comum, principalmente nos países da América do Sul, América Central e do México. No Brasil, a estimativa é que mais de três milhões de pessoas são infectadas por essa doença. Atualmente, a maior ocorrência está na região norte, nordeste e partes de Minas Gerais, como Vale do Jequitinhonha.
É importante saber que a doença de Chagas é uma inflamação causada pelo protozoário Trypanossoma cruzi, que é invisível a olho nu, mas que está no mosquito conhecido como barbeiro, chupão, procotó ou bicudo.
Quais são as formas de transmissão da doença de Chagas?
Existem quatro principais formas de transmissão da doença de Chagas:
- Vetorial: o mosquito barbeiro pica a pessoa, sugando o sangue. Logo depois, ele elimina suas fezes na pele. Se o barbeiro estiver infectado com o parasita da doença, o microrganismo é liberado na pele. Até este ponto, a pessoa ainda não contraiu a doença, mas quando coça o local da picada, as fezes contaminadas com o parasita penetram na pele e inicia-se a fase aguda da doença;
- Oral: ocorre ao ingerir alimentos contaminados com as fezes do barbeiro. Atualmente, essa via de transmissão é a mais importante. Vale lembrar que há alguns anos, houve um surto de Chagas após a ingestão de alimentos como açaí e caldo de cana;
- Transmissão da mãe diagnosticada com doença de Chagas para o filho durante a gestação ou parto;
- Transfusão de sangue ou transplante de órgãos infectados: era comum próximo da década de 90, mas hoje é raro, devido aos testes realizados no sangue e nos órgãos.
Sintomas da doença de Chagas
Os sintomas da doença de Chagas vão depender do estágio em que se encontra: agudo ou crônico.
Os principais sintomas da fase aguda, incluem: febre prolongada, geralmente por mais de 7 dias, dor de cabeça, fraqueza intensa e inchaço no rosto e pernas. Além disso, a pessoa pode apresentar aumento do baço, fígado e gânglios, além de náuseas, vômitos, inchaço em um dos olhos e vermelhidão no local da picada. Embora não sejam tão comuns, esses sintomas são característicos da doença de Chagas.
É importante observar que esses sintomas geralmente surgem entre 3 e 30 dias após a picada. Se não forem tratados, os sintomas costumam desaparecer por conta própria, e a doença pode progredir para a fase crônica.
Doença de Chagas e seus sintomas nos órgãos (fase crônica)
É importante ressaltar que o parasita pode afetar principalmente o coração, mas também o intestino grosso e o esôfago. Isso ocorre porque ele destrói a musculatura desses órgãos, levando ao aumento do tamanho e à flacidez.
Cada órgão afetado apresenta um conjunto específico de sintomas:
- Coração: causa a Cardiopatia Chagásica, em que o coração se torna grande e mais flácido, resultando em sintomas como cansaço, falta de ar e inchaço nas pernas ao longo do dia. Por esse motivo, a doença de Chagas é uma das principais causas de Insuficiência Cardíaca no Brasil;
- Esôfago: causa o Megaesôfago, caracterizado pela dificuldade de passagem de alimentos do esôfago para o estômago. Isso leva ao acúmulo de alimentos no esôfago, resultando em dificuldade para engolir e engasgos frequentes;
- Intestino grosso: causa o Megacólon, em que o conteúdo fecal encontra dificuldade para progredir, resultando em constipação intestinal e aumento do tamanho do intestino.
É fundamental destacar que essas consequências da doença nos órgãos são permanentes e irreversíveis.
Prevenção da doença de Chagas
Atualmente, não há vacina disponível para a doença de Chagas. Portanto, a melhor abordagem é evitar o contato com as fezes do barbeiro, principal vetor de transmissão da doença. Por isso a importância de algumas medidas preventivas, especialmente em áreas endêmicas no Brasil.
O barbeiro, vetor da doença, tem hábitos noturnos e é encontrado em casas de pau a pique, cabanas, ninhos de pássaros e tocas de animais. Portanto, pessoas que vivem ou visitam essas regiões devem tomar precauções adicionais, como usar repelentes, mosquiteiros, telas ou véus mosquiteiros nas camas. Além disso, ao realizar atividades ao ar livre durante a noite, como pesca, é aconselhável utilizar roupas de mangas longas e calças para evitar picadas.
Mesmo em áreas não endêmicas, é importante estar ciente da transmissão oral da doença. Para reduzir o risco, é recomendável verificar a origem dos alimentos e lavá-los adequadamente antes de consumi-los. Essas medidas simples podem ajudar a prevenir a infecção pela doença de Chagas.
Tratamento para doença de Chagas
Se uma pessoa apresentar os sintomas da fase aguda, como febre prolongada, cansaço e inchaço do rosto, deve procurar imediatamente o pronto-socorro. Através de exames de sangue, é possível realizar o diagnóstico e, a partir disso, iniciar o tratamento.
Durante a fase aguda, o objetivo do tratamento é promover o alívio e a redução dos sintomas causados pelo parasita e, se possível, eliminá-lo. Existem medicamentos disponíveis pelo SUS que podem auxiliar na eliminação do parasita.
Na fase crônica, os medicamentos têm como objetivo apenas controlar a doença. Nesse caso, é fundamental procurar e seguir o acompanhamento médico, que pode ser feito por um Clínico Geral ou Cardiologista, caso haja acometimento cardíaco, ou por um Cirurgião do Aparelho Digestivo ou Gastroenterologista, se houver problemas relacionados ao megaesôfago ou megacólon.
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