Coma: entre a vida e a morte – o que realmente acontece?
A palavra coma vem do grego “koma”, que significa estado de dormir. É um estado de consciência reduzida do qual a pessoa não pode ser despertada, mesmo com estímulos sonoros, visuais, táteis e até mesmo dolorosos. A pessoa fica de olhos fechados e não tem nenhuma interação com o ambiente.
Neste texto, separamos nove informações que todas as pessoas devem saber sobre o coma:
Quais são as causas de coma?
Existem muitas as condições que podem levar uma pessoa ao coma, entre elas: traumatismo craniano, AVC, tumores, diabetes, falta de oxigênio, infecções, como meningite, epilepsia, intoxicação por substâncias, como monóxido de carbono, drogas e álcool.
O que é coma induzido?
O coma induzido recebe esse nome quando é causado propositalmente pelo uso de medicamentos. A anestesia geral é o exemplo mais comum de coma induzido, pois o anestesista induz o paciente ao coma para a realização de procedimentos cirúrgicos e exames. Na UTI, o coma induzido é bastante utilizado com diversas finalidades, mas principalmente para proteção cerebral. Em pacientes vítimas de traumatismos cranianos graves, o coma induzido é utilizado para reduzir a atividade e fluxo sanguíneo cerebrais com o objetivo de preservar neurônios e reduzir as chances de sequelas e danos permanentes. Saiba que isso pode perdurar por vários dias.
Uma pessoa em estado de coma pode acordar?
É importante ressaltar que o coma em si não é uma doença única. O coma é um estado de consciência reduzido que pode ser causado por diversas doenças diferentes. Portanto, a chance de uma pessoa sair do coma depende basicamente de duas variáveis: a causa do coma e o grau de comprometimento cerebral. Por isso é comum ouvirmos histórias de diferentes pessoas que ficaram horas, dias, semanas, meses e até mesmo anos em coma antes de acordar, assim como de pessoas que jamais acordaram. Isso depende da maneira como a pessoa chegou ao coma.
Por exemplo, no caso de anestesia geral, é esperado que a pessoa desperte imediatamente ao fim da ação dos medicamentos anestésicos. Em contrapartida, no caso de um traumatismo craniano grave, a expectativa é de um tempo maior de coma, muitas vezes imprevisível. Já no caso de um afogamento, tudo dependerá do tempo que a pessoa ficou privada de oxigênio. Saiba que a pessoa que ficou mais tempo sem oxigênio tende a ter uma evolução pior, com mais tempo de coma e menos chance de acordar. No caso de um AVC, por exemplo, além do grau, a localização do comprometimento cerebral tem um peso enorme. Um AVC pequeno, em uma localização sensível como o tronco, pode ter um prognóstico pior, se comparado com um AVC.
Por este motivo é importante ter o discernimento de evitar comparar os casos diferentes de coma para não criar falsas expectativas. Se tratando de coma, vale a máxima: “cada caso é um caso”.
A pessoa em estado de coma pode ouvir outras pessoas?
O coma pressupõe uma redução importante até completa ausência de consciência. Mas, isso não significa ausência de sensibilidade aos estímulos, sejam eles visuais, sonoros, táteis ou mesmo dolorosos. Isso significa que as pessoas em coma podem ouvir, mas não escutar. Ou seja, caso o sistema auditivo esteja preservado, o som é recebido e processado, mas não é percebido, assimilado ou compreendido, pois isso depende da consciência que está prejudicada no coma. O mesmo vale para o tato e a dor.
A pessoa em coma pode sonhar?
Sim. Além de ter diversas causas possíveis, o coma pode ter diversas manifestações diferentes, desde que mantendo a consciência reduzida sem nenhuma interação com o meio. O funcionamento do cérebro durante o coma varia de acordo com a causa e o grau de comprometimento cerebral. Não há ciclo sono vigília, o que torna a possibilidade de sonhar remota, porém não impossível. Muitos pacientes que se recuperam do coma, mesmo induzido por anestesia, relatam sonhos.
O que fazer ao visitar alguém em coma?
O ideal é se comportar normalmente: quando chegar, anuncie quem você é. Fale sobre o seu dia e esteja ciente de que tudo o que você disser pode ser ouvido. Mostre amor e apoio. Saiba que os pequenos gestos, como se sentar próximo, segurar a mão ou acariciar a pele podem trazer um grande conforto.
Algumas pesquisas sugerem que estimular os principais sentidos – tato, audição, visão e olfato – podem ajudar a pessoa a se recuperar do coma. Por isso, concentre-se em sensações agradáveis, uma sensação de cada vez por curtos períodos de tempo.
Outra dica é tocar uma música que a pessoa goste muito. Faça isso através dos fones de ouvido. Também, coloque flores no quarto ou borrifar o perfume favorito da pessoa em coma.
Desmaio é um tipo de coma?
Não. O desmaio não é um coma, pois para caracterizar esta situação, a perda de consciência deve ser duradoura, pelo menos 6 horas. Perdas transitórias e rápidas não podem ser chamadas de coma. Esses casos são chamados de síncope e tem diversas causas, sendo a mais comum a hipotensão postural ou ortostática, a famosa “queda de pressão”: a pessoa tem escurecimento da visão e perde os sentidos, mas se recupera rapidamente, em questão de minutos.
Se uma pessoa está deitada inconsciente. Como saber se ela está em coma ou desmaiada?
Essa tarefa nem sempre é fácil, mas o primeiro passo é certificar que você, ou a pessoa que encontrou a outra desacordada, está em segurança para chegar perto. Garantida a segurança, o próximo passo é saber se a pessoa está realmente inconsciente. Para fazer isso, tente chamá-la, se possível, pelo nome. Se não obtiver resposta, eleve o tom de voz e grite se necessário.
Gritar numa situação dessas é totalmente aceitável e pode ser a diferença entre a vida e a morte para essa pessoa. Nessa fase é importante evitar tocar a pessoa por vários motivos, principalmente por segurança (sua e da pessoa desacordada). Muitas vezes não se sabe as eventuais circunstâncias que levaram a pessoa àquele estado.
Se mesmo assim não tiver resposta, chame por socorro. Se estiver em São Paulo, ligue para o SAMU discando 192 ou peça para alguém. Os próximos passos serão orientados pelo atendente do SAMU, siga as instruções fornecidas.
Veja o vídeo com a explicação da especialista: