Câncer hereditário: quando se preocupar?

O câncer hereditário é o câncer causado por uma mutação genética que foi passada de pai para filho, ou seja, a pessoa já nasce com essa tendência muito mais alta de ter um câncer durante a sua vida.  Saber se você tem um câncer hereditário é importante pois muda o seu acompanhamento e algumas vezes são até realizados procedimentos visando diminuir essa chance de ter câncer.

Mas, como se forma um câncer?

O corpo humano é formado por milhares de pequenas bolinhas, chamadas células. Cada célula tem um tempo de vida e nesse período ela se duplica dando origem a outra bolinha exatamente como ela, chamada de célula filha.

Nosso corpo é formado por milhares de pequenas bolinhas chamadas de células.

Quem guia ou quem define a forma dessa nova célula que será formada, a célula filha, é o material genético que está dentro da célula mãe. No entanto, se por alguma razão o material genético sofre alteração, ou mutação genética – como é chamada na medicina, a célula mãe (que é uma bolinha, por exemplo), pode dar origem a uma célula filha diferente (um triângulo, por exemplo).

Saiba que se o organismo perceber essa diferença, ele elimina a célula filha (que é um triângulo) e a célula mãe (que deu origem a essa nova célula). Mas, se ele não percebe, o triângulo persiste e como também tem material genético alterado, dá origem a outras células diferentes como ele, ou até mais diferentes da célula normal em formato de bolinha. Isso é câncer!

O câncer é genético?

Sim! No sentido de que todo câncer nasce de uma alteração do material genético da célula ou de uma mutação genética. Na maioria das vezes, essa mutação genética não foi passada pelos pais, ela ocorre ao acaso. Geralmente, essa situação é devido ao desgaste do organismo causado pelo avanço da idade e pelo estilo de vida da pessoa, como ter obesidade, consumir tabagismo e alcoolismo. Neste caso, é chamado de câncer esporádico, que acontece em cerca de 90% dos casos de câncer.

O câncer genético pode passar de pai para filho?

Sim! Ele é o câncer hereditário, ou Síndrome de Predisposição Genética ao Câncer. Significa que a pessoa já nasce com uma mutação genética que aumenta seu risco de ter câncer em relação à população em geral, sendo passada de pai pra filho. Ou seja, não é uma mutação que aparece com o desgaste, pois a pessoa já nasce com ela. Saiba que essas situações acontecem em apenas 5 a 10% dos casos de câncer e, geralmente, são tumores com comportamento diferente, por exemplo acontecem em pessoas jovens.

O câncer é hereditário e pode ser passado de pai para filho.

Quando suspeitar que há câncer hereditário?

Sobre este ponto, é importante prestar atenção em cinco aspectos:

  1. Pessoas portadoras de vários tumores primários diferentes, mesmo que em momentos distintos, por exemplo, uma mesma pessoa com diagnóstico de câncer de mama e ovário aos 35 e aos 50 anos;
  2. Pessoas que tiveram câncer quando ainda eram jovens;
  3. Pessoas que possuem vários familiares próximos com histórico de câncer. Por exemplo, a tia, prima e avó do mesmo lado da família);
  4. Pessoas com tumores raros, como os homens com câncer de mama;
  5. Pessoas com alguns tipos específicos de câncer, como câncer de ovário ou pâncreas, por exemplo.

Ao identificar algum desses critérios é preciso saber se há possibilidade de ter câncer hereditário e para isso é essencial destacar três etapas:

Existem casos suspeitos de câncer hereditário na família?

Se sim, é válido passar por uma avaliação com especialista em oncogeneticista. Essa avaliação consiste em consulta médica associada à construção de um heredograma (árvore genealógica da sua família), que determinará a necessidade ou não de realizar um painel genético, que é a segunda etapa.

Este painel consiste em um exame de saliva ou de sangue no qual o material genético (DNA) da pessoa é extraído para avaliar a presença de mutações genéticas associadas aos cânceres citamos neste texto.

Após o resultado, o médico faz o aconselhamento genético pós-teste, no qual ele explicará o exame e quais medidas preventivas necessárias, como realizar exames especiais de rastreamento de câncer.

Dependendo do resultado, pode ser indicada a realização do painel genético nos parentes próximos (pais, irmãos, filhos), lembrando que quando temos uma mutação genética na família, a chance de um membro desta possuí-la é em torno de 50%, a depender do grau de parentesco. Para casais sem filhos, é essencial fazer esta avaliação, pois existem métodos de fertilização que eliminam o risco de os filhos nascerem com esta mutação genética.

Qual a importância de saber se é câncer hereditário?

Por dois motivos: benefícios para o próprio paciente acometido pelo câncer e benefícios para seus familiares:

  • Os benefícios para o paciente vêm do fato de que existem tratamentos direcionados para essa população com medicações específicas, e exames diferenciados para o rastreamento e a prevenção de novos tumores;
  • Já para a família, essa informação permite cuidar dos parentes, saber se eles têm os mesmos problemas genéticos e, caso tenham, poder usar essa informação para prevenção e rastreamento do câncer.
É importante saber se o câncer é hereditário pois existe tratamentos direcionado para essa situação.

Como é o acompanhamento de portadores dessas síndromes de predisposição hereditária ao câncer?

Os indivíduos portadores de síndromes hereditárias de predisposição ao câncer devem entrar num protocolo de rastreio mais intenso, se comparado com a população em geral, uma vez que se sabe que o risco de ter câncer é maior. Muitas vezes, é necessário fazer mais exames e iniciá-los precocemente e, a depender do caso, discutir cirurgias redutoras de risco.

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Veja o vídeo com a explicação da especialista: