Cirurgia em criança: a anestesia e seus cuidados especiais

A anestesia em crianças é realizada quando há indicação para algum procedimento cirúrgico ou exame. No entanto, muitos pais têm medo desta situação, pois não sabem quais são os passos e nem o que acontece quando a criança está anestesiada.

Muitas vezes esse medo ocorre porque, após receberem a notícia de que a criança precisará passar por uma cirurgia, por exemplo, os pais costumam conversar com o cirurgião sobre o procedimento e raramente falam sobre a anestesia. Em geral, a medicação anestésica é discutida apenas em um encontro no dia da cirurgia, normalmente pouco tempo antes do procedimento, o que causa estresse aos pais e, consequentemente, aos filhos.

Saiba que é possível conhecer o anestesista antes e ter uma consulta pré-anestésica para tirar todas as dúvidas sobre o procedimento. Além disso, essa consulta pode ser realizada de forma presencial ou on-line. Ela é muito importante para eliminar as dúvidas e diminuir a ansiedade dos pais e dos filhos.

O que é a avaliação pré-anestésica?

É o momento em que o anestesista conhece os pais e a criança antes da anestesia. Neste momento, ele pergunta sobre possíveis doenças que a criança tem, procedimentos prévios, experiências com anestesia que a família já teve, vacinação, alergias e resfriados recentes. Conhecer o histórico é importante para garantir um procedimento seguro. A partir dessas informações, o anestesista decide qual anestesia será usada e como será aplicada.

Quais são os tipos de anestesia que existem?

• Sedação: Superficial ou profunda.
• Anestesia geral: A criança dorme e o anestesista faz com que ela não se mova durante todo o procedimento.
• Anestesia local: Um anestésico é aplicado apenas em uma pequena região para tirar a dor. É a mesma anestesia usada por dentistas.
• Anestesia regional: Pode ser no neuroeixo (raquianestesia ou peridural) ou periférica, em que apenas uma região do corpo é anestesiada, como o braço ou a perna. Essa anestesia é feita para melhor controle da dor no pós-operatório.

Anestesia tem cheiro?

Para realizar uma anestesia geral é necessário fazer a indução anestésica através de anestésicos na veia ou inalados.. O cheiro, que muitas pessoas mencionam, é da indução anestésica com o anestésico inalatório sevoflurano. Ele tem cheiro de frutas e é aplicado através de uma máscara que não causa dor e desconforto na criança. A máscara pode ser segurada pelos próprios pais, sendo similar a uma máscara de inalação. Esse anestésico faz a criança dormir.

Indução inalatória

Na indução inalatória, a criança dorme aos poucos, mas antes de dormir, ela pode ficar agitada e fazer movimentos involuntários com os braços, pernas e olhos. A respiração torna-se cada vez mais profunda, o que é normal e resultado do efeito do anestésico. Portanto, não é preciso ter medo.

Se a criança é ansiosa e chora na porta do hospital, saiba que existem medidas farmacológicas e não farmacológicas para garantir que todo o procedimento seja feito da forma mais tranquila possível. Três aspectos merecem destaque:

É fundamental que os pais estejam bem informados sobre o processo. Portanto, pesquise, faça a consulta pré-anestésica e converse com o anestesista.

Existem outras formas de lidar com a criança, como vídeos sobre o procedimento, desenhos e aplicativos disponíveis para celular. Se a criança não for tão pequena e entender melhor a situação, vale conversar e explicar.

As medidas farmacológicas são usadas alguns minutos antes do procedimento anestésico e da cirurgia. O anestesista fornece medicamentos em forma de xarope para a criança ficar mais tranquila antes de chegar na sala cirúrgica. Existem diversos medicamentos que podem ser oferecidos para ajudar a tornar a experiência o mais calma possível.

O que a criança pode comer antes da cirurgia?

O jejum antes da cirurgia é muito importante e precisa ser respeitado para evitar complicações graves. O jejum recomendado é:

• Líquidos claros sem resíduo, como água, chá e suco, até 2 horas antes do procedimento;
• Leite materno até 4 horas antes;
• Fórmula infantil e leite animal até 6 horas antes;
• Refeição leve, como biscoito polvilho, biscoito Maria, chá ou suco, até 6 horas antes;
• Refeição completa até 8 horas antes do procedimento.

Quais são os riscos da anestesia para crianças?

Todo procedimento médico envolve riscos e, nesse caso, os principais são náuseas e vômitos após a anestesia. Mas o especialista está preparado para usar medicações individualizadas para a criança e para o tipo de anestesia, bem como para o procedimento a que ela é submetida, para evitar essas situações.

Também existem algumas complicações raras, como reação alérgica grave, risco de hipertermia maligna (para crianças com algumas doenças específicas e com história familiar dessa complicação), complicações respiratórias e cardíacas. É por este motivo que o anestesista fica durante todo o procedimento, monitorando todas as funções e reconhecendo situações de risco.

O que acontece após o procedimento?

Após o procedimento, a criança vai para uma sala RPA (Recuperação Pós-Anestésica). Ela é monitorada pelo anestesista e pela equipe de enfermagem até que esteja bem acordada e em condições de voltar para o quarto ou ter alta hospitalar. O tempo para despertar varia de acordo com a anestesia e pode variar de paciente para paciente. No entanto, a média é de 30 minutos a 1 hora e, na RPA, os pais podem acompanhar os filhos.

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Veja o vídeo com a explicação da especialista: