Adenoide: crianças que respiram pela boca

Respirar pelo nariz oferece diversos benefícios, ao contrário, respirar pela boca pode causar consequências na forma de comer, dormir e nas atividades do dia a dia, principalmente quando esta respiração é feita por crianças.

Antes de entender as causas e os problemas da respiração pela boca é preciso compreender sobre o trajeto que o ar faz do nariz até os pulmões: o ar entra pelas cavidades nasais, composta pelo septo e cornetos, passa pela rinofaringe, onde se encontra a adenoide (carne esponjosa). Chega na orofaringe, onde estão localizadas as amígdalas, depois pela hipofaringe, laringe, traqueia e finalmente nos pulmões.

Uma obstrução em qualquer parte do início desse trajeto, das cavidades nasais à orofaringe, pode causar dificuldades na respiração pelo nariz fazendo com que a criança passe a respirar pela boca. 

Se essa obstrução for transitória, como no caso de uma gripe, por exemplo, isso não tem grandes problemas. Mas se ela persistir por mais tempo e a respiração continuar pela boca, principalmente em casos de crianças, isso pode torná-la em um respirador oral, um problema com muitas complicações.

Adenoide: como identificar uma criança que respira pela boca?

Nem sempre é fácil saber se uma criança é um respirador oral. Por isso é importante conhecer algumas características físicas:

• Ficam com a boca entreaberta com muita frequência; 
• O lábio inferior fica evertido;
• Possuem o céu da boca mais fundo;
• A mordida é cruzada: os dentes de cima não ficam alinhados com os dentes de baixo;
• Os dentes superiores ficam inclinados para frente; 
• Há um aumento de cáries dentárias;
• A face fica alongada e estreita, já que o ar não passa pelo nariz, causando a falta de desenvolvimento dos seios da face e a mandíbula pequena;
• Deformidade do tórax (leve afundamento do peito), devido à respiração forçada pela dificuldade de respirar.

Saiba que não é preciso ter todas essas características físicas para definir uma criança como um respirador oral. Se apenas algumas estiverem presentes, deve-se procurar ajuda especializada, pois ela pode sofrer consequências.

A criança que respira pela boca também pode ter prejuízo na alimentação, sentindo gostos de alimentos e cheiros de forma diferente.  Tudo isso acontece pelo comprometimento da mastigação, que além de fazer sua função (que é mastigar), recebe o ar que deveria ir para o nariz.

Sono prejudicado

Quem respira pela boca também pode ter problemas com o sono, como roncos, agitação e, e em alguns casos, múltiplas paradas na respiração chamada de apneia do sono. 

Todas essas mudanças causam outras consequências, como agitação noturna, irritabilidade durante o dia e dificuldade em manter a atenção, podendo comprometer o desempenho escolar. Além disso, a criança não consegue controlar o xixi à noite. Isso acontece, pois enquanto dormimos liberamos hormônios que ajudam nesse processo.

O mau hálito, tosse seca persistente e episódios de sinusites também podem afetar a criança que respira pela boca.

Como diagnosticar uma criança que respira pela boca?

O especialista observa algumas características que identificam a causa dessa obstrução:

Se a criança espirra muito, tem coceira no nariz ou está sempre com ele escorrendo e ocorre piora em alguma época do ano, essa situação pode sugerir rinite, uma causa comum de obstrução nasal que está relacionada à alergia. Normalmente há piora nos meses de inverno e quando a criança está exposta a agentes alérgenos, como poeira, mofo e perfumes.

Se a criança respira melhor com uma narina do que com a outra, isso pode sugerir desvios de septo nasal. Esse septo desviado pode obstruir um ou ambos os lados.

Se a criança ronca, dorme com a boca aberta e tem sono agitado, pode ser um problema de adenoide aumentada, popularmente conhecida por carne esponjosa, ou amígdalas grandes.

Se há suspeita que uma criança é um respirador bucal, deve-se prestar atenção nos sintomas mencionados e procurar um médico, no caso um Otorrinolaringologista. O diagnóstico e tratamento adequados podem trazer importante impacto no desenvolvimento dessa criança.

Qual o tratamento para adenoide?

O tratamento para adenoide é a remoção através da cirurgia de adenoidectomia. Crianças com obstrução grave das vias respiratórias devem fazer, quando há dificuldades para dormir, relatos de otite e/ou sinusite de repetição. 

As amígdalas são removidas durante a cirurgia pelo médico otorrinolaringologista. O procedimento é relativamente simples e curto, sob anestesia geral.

O paciente precisar ficar internado por 1 dia. Se tudo correr bem, a criança recebe alta e pode voltar às aulas em até duas semanas, para evitar contato com crianças com infecção respiratória.

Em casos leves, o tratamento para adenoide é realizado com antibióticos e corticoides durante as crises, sem indicação para cirurgia.

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Veja o vídeo com a explicação do especialista: