Demência frontotemporal

A demência frontotemporal é a segunda causa de demência mais frequente em adultos com menos de 65 anos. Normalmente, ela aparece na meia-idade, entre 45 e 65 anos e é responsável por cerca de 5% a 10% dos casos de síndromes demenciais.

É importante saber que o termo demência significa diminuição lenta e progressiva da função mental, que afeta a memória, o pensamento, o juízo e a capacidade para aprender. No entanto, existem alguns tipos de síndromes demenciais, sendo que a mais comum e conhecida é a demência de Alzheimer, mas existem outros diagnósticos, como demência vascular, demência frontotemporal e demência de Lewy.

O que acontece na demência frontotemporal?

Na demência frontotemporal, ao contrário do Alzheimer, a memória e as funções executivas, que são o conjunto de habilidades que englobam comportamentos, objetivos, e ações voluntárias, ficam relativamente preservadas por anos, o que pode dificultar o seu diagnóstico. 

Além disso, nessa doença, as regiões cerebrais afetadas são diferentes das regiões afetadas no Alzheimer: são regiões do cérebro chamadas de pré-frontal e temporal, áreas responsáveis, principalmente, por comportamento, personalidade e linguagem.  

Na demência frontotemporal, a memória e funções executivas ficam preservadas por anos, com impacto maior no comportamento, personalidade e linguagem.

Sintomas de demência frontotemporal

Os sintomas são divididos em dois grupos: comportamentais ou de personalidade e de fala e linguagem. Entenda:

Sintomas comportamentais e personalidade:

  • Embrutecimento do comportamento social, como ficar mais irritado, grosseiro e, às vezes, agressivo;
  • Dificuldades na regulação de emoções, com oscilações de humor. As reações de alegria ou tristeza passam a ser mais intensas;
  • Declínio no autocuidado e higiene, como não tomar banho ou escovar os dentes);
  • Perda de empatia e indiferença às necessidades das outras pessoas;
  • Falta de crítica;
  • Perda da inibição no controle social com comportamentos socialmente inadequados, como incomodar pessoas na rua ou fazer piadas inadequadas;
  • Impulsividade;
  • Comportamentos bizarros, que podem ocorrer nos casos mais graves, como erotização e desinibição sexual, uso de palavras de baixo calão e perda do pudor.
Dificuldades na regulação de emoções, com oscilações de humor são sintomas de demência frontotemporal.

Sintomas de fala e linguagem

A linguagem, por sua vez, é progressivamente afetada, podendo ocorrer dificuldades na compreensão e na expressão verbal, com redução da capacidade de falar ou mesmo mutismo. Entre os principais sintomas de fala e linguagem, estão:

  • Dificuldade em compreender a fala, não entendendo o significado das palavras;
  • Prejuízo na capacidade de produzir palavras, de formar frases complexas;
  • Dificuldade em reconhecer objetos e pessoas e nomeá-los.

Saiba que as pessoas com demência frontotemporal perdem a capacidade de usar as palavras para expressar-se, mas não porque a memória tenha falhado, mas por causa da disfunção do lobo frontal. É importante saber que com a evolução da doença, eles podem deixar de falar definitivamente.

Alguns pacientes desenvolvem ainda atrofia muscular generalizada, fraqueza, fasciculações (contração muscular involuntária), podendo ocorrer também dificuldade de mastigar e engolir.

Diagnóstico de demência frontotemporal? 

Não existe um exame único para o diagnóstico. Ele é realizado com base na história clínica, nos sinais e sintomas que os pacientes e, mais frequentemente, seus familiares relatam, já que a maioria dos pacientes não percebe suas dificuldades. Para um diagnóstico certeiro, é preciso excluir outras causas, já que alguns sintomas podem estar relacionadas a outras doenças. 

No entanto, para as primeiras investigações, quando existe suspeita de demência frontotemporal são solicitados:

  • Testes cognitivos: perguntas direcionadas que avaliam como estão as funções cognitivas do paciente;
  • Exames de sangue para excluir alterações orgânicas;
  • Ressonância magnética ou tomografia computadorizada de crânio.

Em alguns casos, pode-se considerar também a tomografia por emissão de pósitrons (PET), SPECT cerebral, que irão avaliar a função cerebral, e o exame de líquor para excluir causas orgânicas.

O diagnóstico da demência frontotemporal é baseado na história clínica, exames de imagem, testes cognitivos e exames para excluir outras causas.

Tratamento para demência frontotemporal

Saiba que não existe cura ou tratamento específico para a demência frontotemporal. Entretanto, o tratamento disponível tem o objetivo de melhorar os sintomas:

  • Se o paciente apresentar um quadro depressivo, são indicados medicamentos antidepressivos por tempo limitado;
  • Para as alterações de comportamento, são indicados os neurolépticos, como Quetiapina, Olanzapina, entre outros. No entanto o seu uso deve ser individualizado, pois esses pacientes podem responder mal a doses altas de medicação;
  • Remédios inibidores da acetilcolinesterase prescritos para doença de Alzheimer mostraram não ser eficazes para demência frontotemporal;
  • Criar um ambiente seguro e de apoio também pode ser muito útil. O ambiente deve ser iluminado, seguro, estável e projetado para ajudar com a orientação;
  • Alguns estímulos, como rádio ou televisão, são úteis, mas estímulos excessivos devem ser evitados;
  • Uma rotina bem estabelecida ajuda as pessoas com demência frontotemporal a ter uma sensação de segurança e estabilidade.

Causa e fator de risco para demência frontotemporal

Existem alterações genéticas que podem predispor a esse tipo de demência, como as mutações nos genes GRN e MAPT. Cerca de 10 a 20% das pessoas com demência frontotemporal tem ou tiveram familiares acometidos com sintomas similares. Mas, é importante ressaltar que a testagem genética deve sempre ser acompanhada por aconselhamento genético.

Cuidadores, atenção:

Cuidar de pessoas com demência é estressante e árduo, por isso, quem cuida podem ficar deprimido e exausto, muitas vezes negligenciando a própria saúde física e mental. Por isso, cuide do cuidador!

Se você notar esses sintomas em algum familiar, procure um Psiquiatra ou Neurologista.

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Veja o vídeo com a explicação da especialista: