Doença diverticular
A doença diverticular, também conhecida como diverticulose, é caracterizada pela presença de divertículos no intestino grosso, chamado de cólon. Essa condição é comum, especialmente em adultos e idosos, e pode ou não apresentar sintomas leves ou graves.
Antes de entender melhor o que é a doença diverticular, é importante compreender o que são divertículos e qual é a sua função no sistema digestivo de cada pessoa.
O que são divertículos?
O esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso são órgãos do sistema digestivo que podem ser comparados a uma tubulação. A parede desses tubos é formada por camadas, sendo que a parede interna é chamada de mucosa.
A parede externa do intestino grosso apresenta alguns pontos de fraqueza nos quais um segmento de mucosa pode se projetar, formando uma pequena bolsa ou saculação na parte externa do intestino. Essa pequena bolsa é chamada de divertículo e pode ser comparada às bolas de futebol antigas de capotão: essas bolas têm uma câmara de ar (camada interna) e um revestimento de couro (camada externa).
Com o uso, o couro da bola vai se desgastando e rasgando, fazendo com que a câmara de ar comece a sair pelos orifícios do couro até um ponto em que seja possível ver a câmara de ar do lado de fora da bola em um determinado ponto. Isso seria um divertículo na bola!
Saiba que os divertículos podem se desenvolver em qualquer parte do sistema intestinal, mas são mais comuns no intestino grosso, especialmente em uma região chamada sigmoide, localizada no lado esquerdo e inferior do abdômen. É importante ressaltar também que a presença de divertículos no intestino aumenta à medida que envelhecemos: mais de 50% das pessoas com mais de 50 anos podem ter divertículos, e essa condição pode afetar mais de 70% dos idosos com 80 anos ou mais.
O que é diverticulite e quais são os sintomas?
A diverticulite é a inflamação do divertículo, podendo também causar perfuração da sua fina parede. Se ela ocorrer no sigmoide (local mais frequente de aparecimento dos divertículos), a pessoa pode sentir, no começo, dor abaixo do umbigo e na parte esquerda e inferior do abdômen.
Entre os sintomas, o paciente pode apresentar febre, náuseas e mal-estar. No entanto, é importante observar que outros sintomas podem estar presentes e sugerir complicações da diverticulite:
- Parada na eliminação de gases e fezes e distensão do abdômen, o que pode indicar obstrução do intestino;
- Saída de fezes ou gases na urina, causada por uma comunicação entre o intestino inflamado (local da diverticulite) e a bexiga, por exemplo, chamada de fístula.
A peritonite é outra possível complicação que pode ocorrer se o divertículo inflamado romper, derramando conteúdo intestinal na cavidade abdominal. Nesse caso, a dor deixa de ficar apenas do lado esquerdo e inferior e passa a afetar toda a região abdominal, tornando-se muito sensível ao toque. Além disso, a dor piora ao tossir, ao bater o pé no chão com força ou quando há impacto, como ao passar por buracos em um carro.
No entanto, é essencial saber que nem todas as pessoas com divertículos apresentarão complicações relacionadas a eles. Cerca de 3 em cada 4 pessoas com divertículos nunca apresentarão sintomas. Apenas 1 em cada 4 desenvolverá a forma sintomática da doença, seja devido a um divertículo inflamado que causa diverticulite ou devido a sangramento.
Ao identificar alguns desses sintomas, principalmente após os 50 anos, é importante buscar ajuda médica imediata, pois a diverticulite pode ser muito grave.
Diagnóstico de diverticulite
O diagnóstico da diverticulite aguda é feito por meio da história clínica, exame físico e geralmente é complementado com exames de imagem, como tomografia do abdômen. É importante ressaltar que, se houver suspeita de diverticulite aguda, a colonoscopia não deve ser realizada devido ao risco de piorar o quadro.
Nos casos iniciais, o tratamento pode consistir apenas no uso de antibióticos e outras medicações sintomáticas. Em casos mais graves, pode ser necessário colocar um dreno para retirar o pus e, em situações de diverticulite complicada, pode ser indicada a cirurgia, muitas vezes com a necessidade de remover o segmento do intestino afetado, além da realização de uma colostomia. A colostomia envolve a ligação do intestino à pele do abdômen, permitindo que as fezes saiam por um orifício e sejam coletadas em um dispositivo externo.
Geralmente, a colostomia é temporária, o que significa que, uma vez resolvida a infecção abdominal, ela pode ser fechada e o funcionamento normal do intestino será restabelecido.
Algumas pessoas também podem apresentar sangramento ao evacuar, sendo que esse sangramento pode ser em grande quantidade e misturado nas fezes. No entanto, é importante destacar que essa situação é diferente do sangramento das hemorroidas, que geralmente ocorre após a evacuação, com coloração vermelho vivo e não misturado com as fezes.
Atenção: o sangramento dos divertículos pode ser volumoso e colocar o paciente em risco, portanto, busque atendimento médico imediato se isso ocorrer.
Prevenção da diverticulose
A causa exata dos divertículos ainda não é totalmente conhecida, mas sabe-se que está relacionada à fraqueza da parede do intestino, predisposição genética e outros fatores de risco. Com base nesses fatores, algumas medidas preventivas podem ser adotadas:
- Praticar atividade física regularmente;
- Adotar uma dieta saudável, rica em fibras;
- Não fumar;
- Evitar o uso de medicamentos anti-inflamatórios;
- Tratar a obesidade, se presente.
Seguindo essas orientações, é possível reduzir o risco de desenvolver divertículos ou complicações relacionadas a essa condição. Além disso, é fundamental buscar atendimento médico imediato se ocorrerem os sintomas mencionados anteriormente, especialmente após os 50 anos de idade.
É importante lembrar que um estilo de vida saudável, incluindo uma alimentação equilibrada e a prática regular de exercícios físicos, pode contribuir para a saúde do sistema digestivo como um todo.
No entanto, é sempre recomendado consultar um médico para obter um diagnóstico adequado e receber orientações personalizadas de acordo com o seu caso específico. Cada pessoa é única e pode requerer abordagens diferentes em relação à prevenção e ao tratamento da doença diverticular.
Lembre-se de que o acompanhamento médico regular é essencial para monitorar a saúde intestinal e prevenir complicações.
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