Parte 3 – Como se preparar para uma consulta?
A cada 3 pacientes que vão a uma consulta médica, apenas 1 segue as orientações fornecidas pelo médico. Isso tem um impacto significativo na saúde em geral, mas existem algumas dicas para melhorar essa situação,
Este é o terceiro texto da série “Como se preparar para uma consulta?”, em que são compartilhadas dicas sobre como aproveitar melhor uma consulta médica. Nos dois textos anteriores, discutiu-se como se preparar para uma consulta médica, destacando a importância de conhecer o histórico de saúde e como explicar melhor o problema ao médico. Tudo isso visa garantir uma consulta mais eficiente, com diagnóstico mais assertivo, em um intervalo de tempo menor e, se possível, evitando exames desnecessários.
Como se preparar para uma consulta? Siga o recomendado!
De que adianta todo esse preparo para a consulta se o paciente não segue as orientações do médico? Como mencionado, de cada 3 pacientes que buscam atendimento médico, apenas 1 segue o tratamento. Essa estimativa é dos Estados Unidos, e no Brasil, provavelmente, a situação seja ainda mais preocupante.
É comum que os pacientes iniciem o uso de um antibiótico prescrito para 7 dias, melhorem no segundo dia e, ao sentirem alívio dos sintomas, interrompam o tratamento antes do tempo recomendado. Ou ainda, em tratamentos mais longos, como o de medicamentos prescritos para meses, os pacientes tomam a primeira caixa e interrompem o uso por conta própria.
Quando se tratam de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão, asma, entre outras, esse comportamento é ainda mais preocupante. Mas por que isso acontece? O que pode ser feito para melhorar essa adesão ao tratamento?
No Brasil, a falta de engajamento dos pacientes é uma realidade. Muitos não seguem as orientações médicas corretamente, o que impacta diretamente nos resultados dos tratamentos. O que pode ser feito para melhorar esse cenário?
Existem várias razões para isso. Vou destacar duas delas:
Relação médico-paciente
O vínculo entre o médico e o paciente é fundamental para estabelecer uma relação de confiança. Esse vínculo, no entanto, está cada vez mais fragilizado. Diversos fatores contribuem para isso, como:
- Pouca empatia e falta de comunicação por parte do médico;
- Consultas muito rápidas, de 5 a 10 minutos, que tornam quase impossível para o médico entender o problema, examinar o paciente, fazer o diagnóstico, definir o tratamento, explicar tudo adequadamente e, ainda assim, estabelecer uma conexão de confiança;
- Troca frequente de médicos. Muitas vezes, o paciente consulta um médico, mas o retorno é com outro, ou a cirurgia é realizada por um profissional diferente daquele que atendeu inicialmente.
Existem muitos outros fatores que prejudicam essa relação médico-paciente, e seria possível falar por horas sobre isso. O objetivo aqui não é apontar culpados, mas relatar o que acontece e como isso impacta o tratamento e o engajamento do paciente.
Como consequência de uma relação médico-paciente deficiente, surgem várias questões, como:
- Pacientes que não confiam plenamente no médico nem no tratamento proposto;
- Pacientes passivos na definição do tratamento, não participando ativamente do processo decisional sobre qual é o melhor tratamento para si. O médico se torna o “motorista” da saúde do paciente;
- Falhas de comunicação entre médico e paciente, o que leva, muitas vezes, o paciente a sair da consulta sem compreender adequadamente o problema que enfrenta, nem a importância de cada fase do tratamento.
Isso, por si só, já é suficiente para justificar a não adesão ao tratamento por parte dos pacientes. Imagine um tratamento que cause algum efeito colateral, ou que envolva gastos financeiros, ou ainda que requeira que o paciente se prive de algo de que goste. Nesse caso, a tendência de interromper o tratamento se torna ainda mais forte.
Fake News
Muitas vezes, a pessoa é bombardeada com informações de fontes duvidosas, como conselhos da vizinha ou vídeos na internet promovendo remédios milagrosos e tratamentos inovadores sem qualquer comprovação científica, mas que falam exatamente o que o paciente quer ouvir. O resultado é que muitos acabam seduzidos por essas histórias e abandonam o tratamento.
Mencionei dois fatores que prejudicam o engajamento, mas, como disse, há muitos outros.
O que o paciente pode fazer para melhorar isso?
O ideal seria procurar médicos especializados, que se envolvem com o problema do paciente, com consultas longas e esclarecedoras, e, principalmente, em quem o paciente possa confiar. No entanto, isso nem sempre é possível, e também não é apenas isso! O paciente pode fazer a sua parte.
Lembre-se que o paciente deve ser o motorista da sua própria saúde! O médico é o guia, o “Waze” que vai indicar as opções de “rota”. O paciente pode escolher o tratamento 1 ou 2, e a decisão é dele! Mas há um detalhe: para ser o “motorista”, o paciente precisa saber o máximo possível sobre o que está fazendo. Por isso, a informação é fundamental!
- Primeiro: procure fontes confiáveis de informação e se informe bastante sobre o problema! Entenda a doença, o tratamento e a importância das medidas de bem-estar. A fonte precisa ser confiável, caso contrário, as informações podem confundir mais do que ajudar;
- Segundo: comunique ao médico tudo que possa dificultar o tratamento. Se o paciente não consegue comprar o remédio porque é caro, fale! O médico pode tentar encontrar uma opção mais acessível ou até mesmo uma alternativa gratuita pelo SUS. Se não entendeu como usar o medicamento, fale novamente. Se não consegue seguir uma dieta específica porque a família não apoia, fale! Se não pode fazer um exame solicitado porque demorará muito ou está sem dinheiro, fale! Se tem medo da cirurgia e não quer realizá-la, fale! Só assim o tratamento será ajustado para as necessidades do paciente.
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Veja o vídeo com a explicação da especialista: