Passo a passo da anestesia geral

A anestesia geral é muito mais do que fazer alguém dormir durante a cirurgia ou procedimento médico. Além da perda da consciência, chamada de hipnose na medicina, a anestesia geral pode incluir a amnésia, que é a perda temporária da memória para que a pessoa não se lembre do que ocorreu; a analgesia que significa retirar a dor e, por último, o relaxamento dos músculos para facilitar ao máximo a cirurgia.

Todos esses pontos são alcançados através de medicamentos feitos diretamente na veia que podem ser combinados com outros em forma de gás, colocados para o paciente respirar.

Passo a passo da anestesia geral

Muitas pessoas querem entender qual é o passo a passo da anestesia geral e o que acontece durante a anestesia. Para explicar este assunto, vamos simular que a anestesia geral é uma viagem de avião, em que o piloto, nesse caso, seria o anestesista e o paciente, a aeronave:

Primeira fase: checagem

Antes de decolar é preciso checar se está tudo bem com o avião, com os equipamentos, com as condições do clima e com a equipe.. Na anestesia não é diferente: é preciso que esteja tudo pronto para que o procedimento seja o mais seguro possível. Então, antes de começar a anestesia, a pessoa é monitorizada com pressão arterial, oxímetro de pulso e eletrocardiograma. Tudo será mantido até o final, inclusive na sala de recuperação pós-anestésica. Depois de tudo pronto, os dados confirmados, equipamentos checados e a pessoa monitorizada, é que a anestesia vai começar.


Antes da anestesia, assim como antes de um avião decolar, é preciso checar se está tudo em ordem. A pessoa é monitorada com pressão arterial, oxímetro de pulso e eletrocardiograma. Após verificar todos os dados e equipamentos, a anestesia começa.

Segunda fase: Indução da anestesia

Essa segunda fase é chamada de indução da anestesia. Seguindo a analogia da viagem, seria colocar o avião para decolar. Neste ponto, são introduzidas as medicações pela veia ou por meio de gases inalatórios. Saiba que ambos os casos, distribuem a anestesia pelo corpo todo através da corrente sanguínea, produzindo o efeito de retirar a dor e a consciência, promovendo a amnésia e o relaxamento muscular.

É importante saber que a quantidade e o tipo de anestésico que deverá ser usado na indução da anestesia vai variar conforme a necessidade, a condição de saúde da pessoa, idade, peso e cirurgia. 

Depois que o paciente está dormindo, o anestesista realiza a intubação traqueal, ou seja, ingere um tubo especial no interior da traqueia. Este procedimento é realizado por dois motivos importantes:

  • Controlar a respiração: o tubo fica conectado ao aparelho de anestesia que contém um ventilador mecânico. É por ali que o anestesista controla a respiração e a oxigenação da pessoa.
  • Proteção do pulmão: além do controle da respiração, o tubo na traqueia também protege o pulmão de uma aspiração de alimento, por exemplo. Isso porque, quando uma pessoa está acordada, comendo, se parte do alimento vai para o local errado (para a traqueia ao invés do esofago), a pessoa engasga e tem um reflexo de tosse. Mas, com a anestesia geral isso não acontece. Desta forma, qualquer comida ou outro conteúdo que esteja no estômago pode voltar por conta do relaxamento da anestesia e ir para o pulmão, podendo causar a pneumonia aspirativa, um problema grave. Mas, se o tubo está na traqueia, ajuda a evitar essa complicação. É por isso que as orientações de jejum são rigorosas.

Terceira fase: manutenção

Depois que o paciente é anestesiado adequadamente a cirurgia pode ser iniciada e do ponto de vista anestésico, o especialista começa a terceira fase ou manutenção. Neste plano de anestesia, o paciente pode ser mantido pelo tempo que for necessário através de infusões contínuas de anestésicos pela veia, ou inalatórios pelo tubo traqueal e isso vai sendo tateado conforme a necessidade ao longo do procedimento. As medicações são mantidas durante toda a fase de manutenção até o fim da cirurgia. O avião só irá pousar quando o piloto quiser.

Da mesma maneira que a viagem de avião, muitos problemas podem acontecer durante a cirurgia: sangramentos, alergias, necessidade de aumentar a oxigenação e risco de infecção, por exemplo. Nesta etapa inicia mais um pilar da anestesia geral: a proteção do paciente, a preservação do funcionamento e equilíbrio.

 Vale lembrar que quando o paciente está sob efeito da anestesia geral, ele fica vulnerável, não responde a estímulos e não apresenta reações. É por isso que o anestesista permanece do seu lado o tempo todo: do momento que ele dorme até o despertar. O anestesista acompanha tudo o que está acontecendo e está pronto para agir a qualquer momento, conforme a necessidade do paciente.

O anestesista permanece ao seu lado durante todo o procedimento, monitorando e pronto para agir conforme necessário, desde o início até o despertar.

Quarta fase: reversão ou despertar

Assim que o procedimento vai chegando ao fim é iniciada a quarta e última fase: a reversão ou despertar do paciente, a hora de pousar o avião. Tanto as medicações na veia quanto os inalatórios vão sendo reduzidas ou desligadas, e às vezes, o anestesista usa outros medicamentos para reverter os efeitos das medicações anestésicas. O tempo que leva até o paciente acordar é individual, pois depende do metabolismo da pessoa, do tempo de cirurgia, do procedimento que foi feito, da quantidade e tipo de anestésico utilizado. No entanto, de maneira geral, assim que as medicações são desligadas, em poucos minutos o paciente acorda. O tubo na traqueia é retirado assim que o paciente consegue respirar sozinho e com segurança. Após, ele é levado para a sala de recuperação pós-anestésica, onde ele vai permanecer monitorado e observado até recuperar a lucidez e ter condições de alta para ir para o quarto.

Ao fim do procedimento, as medicações são gradualmente reduzidas, permitindo que o paciente desperte.

É importante saber que em algumas situações, a pessoa pode ser levada da sala de cirurgia para a UTI, no pós-operatório, isso porque alguns procedimentos ou pacientes de maior risco precisam manter a monitorização por um tempo maior, ou ainda por que precisam de algum cuidado mais específico no pós-operatório.

Quais cirurgias precisam de anestesia geral?

 Geralmente, a anestesia geral é aplicada nas pessoas que passarão por procedimentos mais demorados, extensos, mais arriscados, como as cirurgias com maior risco de sangramento, que podem afetar a respiração, cirurgias por videolaparoscopia, cirurgia robótica, posicionamentos do paciente muito desconfortáveis, entre outros. Mas, nem sempre a anestesia geral é indicada pelo tipo de cirurgia. Algumas pessoas têm muitos problemas de saúde ou usam determinados remédios que aumentam muito o risco na cirurgia, e então se indica a anestesia geral pelas comorbidades desse indivíduo. 

A anestesia geral tem risco?

Nenhum procedimento está completamente isento de riscos, mas com a anestesia geral, isso é extremamente baixo. Ela é segura e com risco de três mortes a cada cem mil procedimentos, ou seja, um risco de 0,003%. Os avanços na medicina, na monitorização e nas medicações tornaram o processo de anestesia muito seguro. Na realidade, o risco está mais direcionado ao procedimento e às condições de saúde do paciente, do que ao tipo de anestesia.

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Veja o vídeo com a explicação da especialista: