Picada de cobra Jararaca

A picada de cobra é um problema sério e muito frequente. No Brasil, cerca de 30 mil pessoas são picadas todos os anos. A cada 10 picadas de cobras, oito são de alguma cobra do grupo da Jararaca, formado por serpentes do gênero Bothrops. Fazem parte deste gênero a jararaca, jararacuçu, cruzeira, caiçara e a urutu. Essas cobras são abundantes e amplamente distribuídas por todo o território nacional.

Em situações em que existe um maior risco de contato com essas cobras, por exemplo, em áreas próximas a matas ou em atividades como jardinagem, trilhas em matas e trabalhos rurais, é importante saber o que fazer.

A primeira coisa é procurar ajuda em um hospital o mais rápido possível, para que o antiveneno seja administrado. Saiba que este é o principal fator para diminuir as consequências dos acidentes. Se a pessoa estiver acompanhada, o ideal é que deixe o membro picado em repouso, caso a picada tenha sido no pé ou na perna, ou seja, ela deve se apoiar em outras pessoas para chegar até onde haja socorro.

Água e sabão

Também é recomendado que o local da picada seja lavado com água e sabão, pois isso irá diminuir a chance de infecção secundária. Lembre-se de retirar alianças, anéis, pulseiras, relógios ou qualquer coisa que aperte a região da picada, porque se a picada for de Jararaca o local vai inchar. Tudo isso deverá ser feito até que consiga atendimento hospitalar.

Não é recomendado amarrar (fazer torniquete), cortar, chupar ou passar qualquer substância no local, pois essas atitudes, além de não ajudarem, criam um ambiente de maior risco para síndrome compartimental, necrose e infecção secundária.

Ao chegar ao hospital, explique ao médico o que aconteceu e ele saberá distinguir entre os diversos tipos de acidentes para administrar o soro correto. Saiba que será necessário ficar internado, por pelo menos, 24 horas para observar se a pessoa terá alguma reação.

O que acontece ao ser picado por uma jararaca?

É importante saber que o veneno da jararaca tem duas ações principais: provocar uma inflamação intensa e alterar a coagulação sanguínea. Entenda:

A inflamação faz com que o local da picada fique inchado, avermelhado, mais quente e doloroso. Em casos leves, a inflamação pode se limitar à parte do corpo picada, como o pé. Já em casos mais graves, a picada acomete todo o membro, por exemplo, a pessoa foi picada no pé, mas a perna e a coxa também ficam inchados.

Pode existir inflamação e inchaço no local da picada.

Já em relação à coagulação, primeiro é preciso entender o papel da coagulação que é a função do sangue responsável por controlar um sangramento. Para exemplificar, ao machucar uma parte do corpo, ele forma uma casquinha através da coagulação.

Se a coagulação é excessiva, surgem doenças como as tromboses, que são trombos ou coágulos – sangue mais grosso, gelatinoso – que se formam dentro dos vasos, onde não deveriam estar, e os entopem, interrompendo o fluxo sanguíneo.

Coagulação diminuída

No entanto, quando há picada de jararaca, acontece o contrário:  a coagulação fica diminuída, ou seja, existe maior risco de sangramento, ou seja, se for preciso formar um coágulo, a casquinha para estancar um ferimento, ele não se formará. Isso significa que se houver algum sangramento, será mais difícil parar de sangrar.

Na prática, pode acontecer de a pessoa picada por Jararaca chegar ao hospital sem nenhum sangramento, mas o exame afirmar que o sangue está incoagulável. Já outras pessoas chegam ao hospital com sangramento leve e contínuo na gengiva, na garganta ou no local da picada.

A picada de cobra Jararaca pode causar sangramento leve e contínuo na gengiva, garganta ou no local da picada.

Ainda, mais raramente, algumas pessoas apresentam sangramentos mais graves, como no cérebro ou no esôfago, que quase sempre são fatais.

É importante saber que sem tratamento, a inflamação e a alteração na coagulação se intensificam, ou seja, os riscos de sequelas ou de sangramentos graves aumentam. Então, ao ser picado por uma cobra, procure ajuda em um hospital.

Como funciona o tratamento?

Quando o paciente recebe o antiveneno, antídoto ou soro na veia, não ocorrem mais sangramentos leves, como na boca, na garganta ou no orifício da picada. Além disso, 12 horas após o término do soro, o exame de coagulação do paciente já está melhor e em 24 horas ele está normalizado.

Entretanto, o mesmo não acontece de forma rápida com a inflamação. Assim que ela é desencadeada, sua progressão ocorre nas 24 horas após o soro e só então começará a diminuir. Ou seja, mesmo recebendo o soro, o membro picado pode inchar mais no primeiro dia e só começará a desinchar após o segundo dia.

Mesmo recebendo o soro, existe a possibilidade dos sangramentos continuarem.

Para melhorar esse quadro, é utilizado o efeito da gravidade, elevando o membro picado: se foi o pé, por exemplo, o paciente fica com um apoio para mantê-lo mais elevado que a cintura, dificultando o acúmulo de líquido (inchaço) na região e favorecendo sua drenagem.

O membro inchado pode prejudicar a saúde?

Existe uma frase muito comum que diz: “a jararaca não mata, mas aleija”, e isso é verdade. O óbito por esta serpente é muito raro, e quando acontece, é devido ao sangramento. No entanto, as necroses são mais comuns.

A necrose ocorre quando um tecido morre, formando uma placa escura e dura. No caso da picada por jararaca, envolve apenas a pele e a musculatura, ou até mesmo toda a região, como um dedo inteiro, por exemplo. É nesse momento que o problema do inchaço começa.

A necrose pode ocorrer devido à ação direta do veneno, mas é comum também ocorrer porque o membro inchou demais, resultando na compressão de estruturas internas importantes, como vasos sanguíneos e nervos. Quando um nervo é comprimido por um longo período, pode sofrer danos irreversíveis, causando dor intensa que não é aliviada por analgésicos comuns, formigamento, perda de sensibilidade e perda da capacidade de movimentação da região inervada por aquele nervo.

A picada da Jararaca pode causar necrose.

Já a compressão dos vasos (veias e artérias) dificulta a chegada de sangue àquela região. Sem sangue, não há oxigênio para o tecido, o que resulta em morte daquele tecido e necrose, formando a crosta escura.

Outra complicação causada pelo inchaço intenso, que comprime os vasos e nervos, é a chamado Síndrome Compartimental, uma urgência médica e essa é a complicação mais precoce da picada por jararaca.

Quando ela ocorre, se dá nas primeiras 48 horas após a picada. No entanto, se for realizada a descompressão logo ao primeiro sinal dessa síndrome, a necrose é evitada e os danos nervosos irreversíveis podem ser prevenidos.

Por esse motivo, é importante receber o soro o mais rápido possível e permanecer internado sob supervisão médica para tratar dessas eventuais complicações.

Como evitar a picada de cobra?

A maioria das picadas de cobra, sendo sete em cada dez, acontecem do joelho para baixo, e a principal medida de prevenção é a proteção. Portanto, sempre use botas de cano longo ou perneiras para evitar acidentes. No caso de jardineiros que usam muito as mãos para cuidar das plantas, é recomendado o uso de luvas de couro grosso.

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