Síndrome do ovário policístico: saiba tudo!
A Síndrome do Ovário Policístico (SOP) é uma condição hormonal comum que afeta as mulheres em idade reprodutiva. Ela é caracterizada por um desequilíbrio hormonal que causa desenvolvimento de cistos nos ovários. A estimativa é que entre 5 e 15 % das mulheres têm a Síndrome do Ovário Policístico.
Além dos cistos ovarianos, a Síndrome do Ovário Policístico está associada a uma variedade de sintomas e pode ter implicações para a saúde reprodutiva e metabólica. Esse problema hormonal pode resultar em três características que definem esse diagnóstico.
Sinais de Síndrome do Ovário Policístico
- Ciclos menstruais prolongados e às vezes ausentes que deve ser interpretado como sintoma da Síndrome do Ovário Policístico: quando houver oito ciclos ou menos por ano ou ficar sem menstruar por mais de três meses;
- Além disso, deve ser avaliado o hiperandrogenismo clínico e/ou laboratorial. O hiperandrogenismo laboratorial é identificado por exame de sangue que detecta as taxas de hormônios masculinos, chamados andrógeno. Destes, o mais conhecido é a testosterona. No caso do hiperandrogenismo clínico devem ser avaliados os sintomas:
- Aumento de pelos pelo corpo, em especial em regiões mais masculinas, como a face;
- Espinhas, que são as acnes no rosto e pele oleosa;
- Padrão de ganho de peso masculino com acúmulo de gordura na barriga, diferente do padrão feminino que se concentra mais no quadril e glúteos;
- Perda de cabelo: pode ainda ter perda de cabelo com padrão masculino.
É importante mencionar que nem todas as mulheres com essas alterações clínicas têm os exames laboratoriais alterados e, da mesma forma, não são todas as mulheres com testosterona alterada que terão os sintomas mencionados. Tendo alteração clínica ou laboratorial, isso é considerado critério para a doença.
3- Ovário com aspecto micro policístico no ultrassom: Para entender melhor, o aspecto deste tipo de ovário é de um cacho de uva, no qual cada uva seria um cisto ou folículo. No caso, o que caracteriza a Síndrome é ter mais de 20 cistos ou folículos medindo de 2 a 9 mm e/ou volume ovariano total maior ou igual a 10cm³ em um ou ambos os ovários.
Se houver cisto funcional, relacionado ao ciclo de ovulação, o volume ovariano pode ficar alterado e isso confundir a avaliação. Nesses casos deve repetir o exame mais uma vez em outro ciclo menstrual.
Diagnóstico da Síndrome do Ovário Policístico
A definição do diagnóstico da Síndrome do Ovário Policístico ainda é controversa na comunidade médica. O critério mais aceito é que, para que se tenha o diagnóstico de Síndrome do Ovário Policístico, dessas três características – ciclos menstruais irregulares, hiperandrogenismo clinico e/ou laboratorial e ovário policístico – é preciso ter pelo menos duas.
Além disso, é obrigatório investigar e excluir outras doenças que também podem causar alguns destes sintomas, como distúrbios de tireoide, aumento de prolactina, tumores produtores de hormônios masculinos, menopausa precoce, hiperplasia adrenal congênita, dentre outros.
Para ficar claro, se uma mulher tem pelo menos dois dos três critérios e foram excluídas essas outras causas mencionadas, ela tem o diagnóstico da Síndrome do Ovário Policístico. Isso esclarece uma dúvida muito comum: uma pessoa que tem um ovário micro policístico no ultrassom, não necessariamente tem a síndrome. Como mencionado, para se ter a síndrome é preciso ter também alterações hormonais que causem ou irregularidades menstruais e/ou hiperandrogenismo.
Na adolescência, por ser um período em que acne e o aumento de oleosidade na pele e distúrbios menstruais são frequentes, os critérios são mais rígidos: é preciso ter os três critérios acima e estarem presentes em graus mais severos.
Uma informação importante é que é comum as meninas terem ciclos irregulares nos primeiros dois anos após começarem a menstruar. Por isso, as irregularidades menstruais mencionadas só devem ser consideradas critério para diagnóstico se persistirem por mais de dois anos após o início da menstruação.
Causa da Síndrome do Ovário Policístico
A medicina não sabe a causa ao certo a causa da Síndrome do Ovário Policístico. Alguns fatores como hereditariedade, excesso de insulina e produção de testosterona aumentado pelo próprio ovário pode estar associado. A síndrome pode ainda causar consequências, como:
- Diabetes tipo 2;
- Pressão Alta;
- Colesterol e Triglicérides aumentados;
- Gordura no fígado, chamada Esteatose Hepática;
- Obesidade e Síndrome Metabólica, com aumento de gordura abdominal;
- Apneia do sono.
Todos esses são fatores de risco para doenças cardiovasculares como infarto e derrame.
Além dessas, a Síndrome do Ovário Policístico também está associada a:
- Infertilidade, uma vez que a mulher não ovula ou ovula poucas vezes;
- Sangramento uterino aumentado;
- Câncer de mama e endométrio;
- Problemas na gravidez como diabetes e pré-eclâmpsia, dentre outros, como depressão e ansiedade.
Como é o tratamento?
Como não se sabe a causa exata da doença, não há remédios para a cura do problema, mas o controle é possível e geralmente são indicadas medicações e mudanças no estilo de vida, como perda de peso e alimentação saudável. No entanto, existem algumas orientações que são incentivadas para todas as mulheres, como:
- Dieta, principalmente sem carboidrato;
- Exercício e perda de peso;
- Medicações para agir nas consequências da síndrome ou doenças associadas como reduzir o crescimento desses pelos e remédios para diabetes.
- Pílulas anticoncepcionais e outros métodos hormonais também podem ser indicadas. O médico deverá avaliar cada caso e definir se há indicação ou não do uso de pílula e, quando indicado, dentre as diversas possibilidades de pílulas, qual é a mais indicada.
No caso de mulheres com desejo de engravidar e não conseguem, o tratamento pode incluir diferentes medicações como, indutores de ovulação. Em alguns casos pode haver necessidade de reprodução assistida.
Por isso, se uma mulher suspeitar desse problema é ideal buscar ajuda de um médico ginecologista.
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