Como identificar problemas na hipófise?

A hipófise, também conhecida como glândula mestra, desempenha um papel essencial no funcionamento de outras glândulas endócrinas no corpo humano, como tireoide, suprarrenais, glândulas mamarias, testículos e ovários. Sua função é regular a produção e liberação de diversos hormônios que influenciam as funções corporais.

Portanto, quando ocorrem problemas na hipófise, seja devido a distúrbios hormonais, tumores ou outras condições, isso pode ter um impacto significativo na saúde e bem-estar de uma pessoa.

Os problemas na hipófise podem se manifestar, principalmente, de duas maneiras: por aumento ou diminuição da sua função e por sua localização.

Problemas na hipófise por diminuição da função

A hipófise regula a função de várias outras glândulas endócrinas no corpo, agindo por meio dos hormônios específicos que produz internamente para cada uma delas. Quando a hipófise libera excessivamente um desses hormônios, a glândula associada a ele aumenta sua atividade, enquanto a produção reduzida resulta em uma diminuição da atividade. Esses desequilíbrios podem se manifestar através de diversos sintomas, tanto em excesso quanto em deficiência hormonal.

Entre as situações que podem ocorrer, estão:

1- Glândula tireoide

A hipófise exerce controle sobre a tireoide por meio do hormônio TSH. Quando há uma liberação excessiva de TSH, a tireoide aumenta sua atividade, resultando em um quadro de hipertireoidismo. Os sintomas associados incluem aumento da frequência cardíaca, sudorese, perda de peso e aceleração do trânsito intestinal.

Por outro lado, uma produção insuficiente de TSH estimula pouco a tireoide, levando a um quadro de hipotireoidismo. Nesse caso, os sintomas apresentados podem incluir ganho de peso, lentidão, fadiga e inchaço corporal.

Quando há uma liberação excessiva de TSH, a tireoide aumenta sua atividade, resultando em um quadro de hipertireoidismo.

É importante ressaltar que todos esses sintomas estão relacionados à tireoide, mas o problema reside na hipófise, responsável pelo controle da tireoide. É fundamental diferenciar a origem do problema, seja na hipófise ou na tireoide, antes de iniciar o tratamento. Vale destacar que essa mesma lógica se aplica a outras glândulas endócrinas.

2 – Suprarrenais

A hipófise controla as glândulas suprarrenais, ou adrenais, por meio do hormônio ACTH. Em excesso, o ACTH estimula a glândula suprarrenal a produzir cada vez mais cortisol, resultando na Síndrome de Cushing. Esta condição apresenta sintomas como:

  • Face arredondada e avermelhada;
  • Obesidade central;
  • Giba (bolsa de gordura na região cervical e dorsal);
  • Estrias violáceas grossas na pele, especialmente no abdômen;
  • Fraqueza muscular;
  • Pele fina com má cicatrização de feridas;
  • Pressão alta;
  • Osteoporose;
  • Pré-diabetes e diabetes;
  • Irregularidades menstruais;
  • Distúrbios mentais.

Por outro lado, na deficiência de ACTH, os sintomas resultam da falta de cortisol, incluindo fraqueza, tontura ao levantar e mal-estar geral.

3- Hormônio do crescimento, o GH

O hormônio do crescimento (GH) desempenha um papel crucial no crescimento e desenvolvimento físico, atuando principalmente no fígado. O fígado, por sua vez, produz outro hormônio chamado fator de crescimento semelhante à insulina 1 (IGF-1), que exerce sua ação sobre os músculos, ossos e outros tecidos, promovendo o crescimento, desenvolvimento e outras funções essenciais.

Um tumor na hipófise que libera GH em excesso pode resultar em gigantismo durante a fase de crescimento da criança e do adolescente, levando a uma estatura muito elevada. No entanto, quando esse crescimento já foi concluído na fase adulta, o excesso de GH pode causar um aumento nas extremidades do corpo, manifestado por:

  • Aumento das mãos e pés;
  • Crescimento do nariz;
  • Aumento da testa;
  • Espessamento dos dedos;
  • Alargamento das mandíbulas;
  • Espaçamento entre os dentes;
  • Sudorese excessiva.

Além disso, o excesso de GH pode aumentar o risco de diversas complicações, incluindo diabetes, alterações respiratórias, alterações na libido, infertilidade e problemas cardiovasculares.

Por outro lado, algumas doenças podem resultar na redução da produção de GH. Na infância, isso pode resultar em baixa estatura, maturação óssea e dentição atrasadas, dores de cabeça, voz estridente e cabelos finos. Nos adultos, os sintomas da deficiência de GH podem ser inespecíficos, mas podem incluir fadiga, aumento da gordura corporal, perda de massa muscular e osteoporose.

4- Prolactina e glândulas mamárias

A prolactina tem como principal função estimular as glândulas mamárias a produzirem leite. Entre os tumores mais comuns na hipófise que secretam hormônios, destaca-se o prolactinoma, que produz prolactina em excesso.

Nas mulheres, esse quadro pode resultar na saída de leite pelas mamas mesmo sem estar amamentando, além de causar alterações nos ciclos menstruais, redução da libido e interferência na ovulação, podendo levar à infertilidade. Já nos homens, pode ocorrer a saída de secreção pelas mamas e queda nos níveis de testosterona, o que também pode resultar em redução da libido e infertilidade.

A prolactina em excesso resulta na saída de leite pelas mamas mesmo sem estar amamentando.

5- Testículos e ovários

A hipófise desempenha um papel fundamental no controle do ciclo menstrual da mulher e na regulação da produção de testosterona no homem. Pode ocorrer um problema na hipófise que resulta na diminuição dos hormônios FSH (hormônio folículo-estimulante) e LH (hormônio luteinizante). Os resultados disso são:

Nos homens, a redução do FSH e LH leva à diminuição da produção de testosterona, o que pode resultar em redução da libido, dificuldade de ereção e infertilidade;

Nas mulheres, as alterações nos níveis de FSH e LH podem causar irregularidades menstruais, redução da libido e infertilidade.

É importante destacar que tanto os problemas na hipófise quanto os relacionados aos testículos nos homens e aos ovários nas mulheres podem apresentar os mesmos sintomas. No entanto, uma investigação detalhada pode identificar a origem específica do problema.

Além desses, a hipófise também produz outros hormônios com funções distintas, como a ocitocina e a vasopressina. Esses hormônios desempenham papéis importantes em diversas funções do organismo.

É essencial realizar um diagnóstico correto para cada uma dessas condições, uma vez que cada uma requer um tratamento específico.

Problemas na hipófise por diminuição da função

Entre as alterações mais comuns na hipófise, embora todas sejam raras, destaca-se a ocorrência de um tumor benigno conhecido como adenoma. Esse adenoma pode produzir em excesso um ou mais hormônios da hipófise, manifestando os sintomas mencionados anteriormente. Além disso, à medida que cresce, pode comprimir estruturas adjacentes à hipófise.

Entre as estruturas afetadas estão os nervos ópticos, devido à proximidade da hipófise com eles. O aumento do tumor pode comprimir esses nervos, resultando em comprometimento visual, com perda de visão lateral. Adicionalmente, o tumor pode crescer e pressionar a hipófise normal, ocasionando deficiência de um ou mais hormônios hipofisários e os sintomas correspondentes.

É relevante mencionar que, na maioria dos casos, esses tumores são detectados incidentalmente em imagens de tomografia ou ressonância magnética craniana realizadas por outros motivos. A maioria é pequena, com menos de um centímetro, e, em muitos casos, não requer tratamento imediato. O acompanhamento varia de acordo com o tamanho do tumor.

O adenoma em excesso um ou mais hormônios da hipófise.

Diagnóstico

O diagnóstico de problemas na hipófise é realizado por meio de uma abordagem que inclui a análise da história clínica do paciente, um exame físico detalhado e testes laboratoriais específicos, como a dosagem dos hormônios produzidos pela hipófise e das glândulas controladas por ela.

Esses testes podem incluir procedimentos de estímulo ou supressão hormonal para esclarecer o diagnóstico. Geralmente, esses diagnósticos exigem a avaliação de um especialista e, em termos de imagem, a ressonância magnética é o exame mais indicado para avaliar a região da hipófise.

O tratamento das doenças da hipófise depende da causa subjacente. Os tumores produtores de hormônios podem ser tratados com cirurgia, medicamentos ou, menos comumente, radioterapia. Nos casos de lesões que causam deficiência hormonal, o tratamento consiste na reposição dos hormônios deficientes, além de abordar a causa subjacente.

Se você identificar os sintomas mencionados ou receber um diagnóstico de algum problema na hipófise, é importante buscar a ajuda de um endocrinologista para avaliação e tratamento adequados.

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