Tratamento para gordura no fígado

O acúmulo de gordura no fígado é uma condição que, na maioria dos casos, não apresenta sintomas em suas fases iniciais. Os sinais costumam surgir apenas quando a doença evolui para cirrose hepática. Isso significa que, mesmo com a presença dessa alteração, é comum que o paciente não perceba nada e desconheça o problema.

Gordura no fígado: uma doença silenciosa e comum

A esteatose hepática, também conhecida como gordura no fígado, é uma doença silenciosa e crescente no mundo ocidental. No Brasil, cerca de 35% da população apresenta doença gordurosa não alcoólica do fígado. Em outras palavras, 1 em cada 3 pessoas possui excesso de gordura no fígado.

Por conta de sua alta prevalência, essa condição já se tornou a principal causa de doença crônica hepática. É frequente encontrar pacientes com cirrose hepática que relatam ter ouvido anteriormente que a presença de gordura no fígado não resultaria em complicações.

Com o aumento dos casos, é fundamental reconhecer a importância do diagnóstico precoce e entender as opções de tratamento para gordura no fígado.

Causas da gordura no fígado

A doença gordurosa não alcoólica do fígado é um problema crescente e, em sua grande maioria, está associada a três causas principais:

  • Sobrepeso e obesidade: o excesso de peso, especialmente o acúmulo de gordura abdominal, contribui significativamente para o desenvolvimento de gordura no fígado. Esse quadro está diretamente relacionado aos hábitos de vida, como a falta de atividade física e uma dieta rica em calorias;
  • Diabetes: o aumento da taxa de diabetes também está intimamente ligado ao aumento da gordura no fígado. O controle inadequado dos níveis de glicose no sangue pode favorecer o acúmulo de gordura hepática.

Esses fatores são os responsáveis pela crescente incidência de doença gordurosa não alcoólica do fígado, especialmente em um cenário de alta prevalência de obesidade e diabetes nos últimos anos no Brasil. Como resultado, o número de pessoas com gordura no fígado tem aumentado consideravelmente.

Problemas associados à gordura no fígado e a síndrome metabólica

A doença gordurosa do fígado não deve ser ignorada, pois está inserida em um contexto mais amplo de alterações metabólicas no organismo, conhecido como síndrome metabólica. Esta condição gera um estado inflamatório sistêmico e está associada a diversas complicações, que incluem:

  • Alteração dos níveis de gordura no sangue: há uma redução do HDL (colesterol bom) e um aumento do LDL (colesterol ruim) e dos triglicerídeos, o que favorece o risco de doenças cardiovasculares;
  • Obesidade central: o acúmulo excessivo de gordura no fígado e na região abdominal (aumento da circunferência abdominal) está diretamente relacionado a essa síndrome;
  • Aumento da pressão arterial: a hipertensão é uma das consequências da síndrome metabólica, aumentando o risco de complicações cardiovasculares.
  • Resistência insulínica: muitas vezes associada ao desenvolvimento de pré-diabetes ou diabetes tipo 2, a resistência à insulina é um dos pilares dessa condição.

Essas alterações metabólicas aumentam substancialmente o risco de doenças cardiovasculares, como infarto e derrames, que são as principais causas de morte associadas à síndrome metabólica no Brasil e no mundo.

Complicações

Além dos riscos metabólicos, a gordura no fígado pode prejudicar diretamente o funcionamento desse órgão, dependendo da gravidade do caso. A evolução da doença pode ocorrer de diferentes formas:

  • Esteatose hepática: em alguns casos, o acúmulo de gordura no fígado não provoca grandes repercussões a curto prazo;
  • Esteatohepatite: em outros pacientes, o excesso de gordura causa inflamação, condição conhecida como esteatohepatite ou hepatite gordurosa;
  • Fibrose hepática: a inflamação contínua pode levar à formação de cicatrizes no fígado, processo denominado fibrose. Se não tratada, pode evoluir para cirrose hepática em até 35% dos casos ao longo de 20 a 30 anos;
  • Câncer de fígado: a cirrose aumenta significativamente o risco de desenvolvimento de carcinoma hepatocelular, um tipo de câncer de fígado.

Vale ressaltar que, quando há consumo frequente de álcool, a progressão da doença é acelerada, podendo atingir o estágio de cirrose em cerca de 10 anos.

Como identificar a gordura no fígado?

A esteatose hepática pode ser identificada por meio de exames de imagem, como ultrassonografia ou ressonância magnética, que detectam o acúmulo de gordura no fígado. Exames de sangue que avaliam a função hepática também podem sugerir a presença do problema, principalmente por meio da análise das enzimas hepáticas, incluindo:

  • TGO (AST);
  • TGP (ALT);
  • Gama-GT;
  • Bilirrubinas.

É recomendado que indivíduos com fatores de risco, como sobrepeso, obesidade, diabetes, colesterol elevado e triglicerídeos altos, realizem periodicamente uma ultrassonografia do abdômen para verificar a presença de gordura no fígado.

Tratamento

Atualmente, não existe um tratamento medicamentoso aprovado especificamente para a doença gordurosa do fígado. Portanto, o manejo do diabetes e da obesidade é a principal forma de tratamento. Algumas medidas eficazes incluem:

  • Perda de peso: estudos demonstram que perder 10% do peso corporal em até um ano pode reverter a gordura no fígado;
  • Prática regular de exercícios: realizar atividades físicas, como caminhar por 30 minutos, cinco vezes por semana, contribui significativamente para a redução da gordura hepática;
  • Controle do diabetes: utilizar as medicações corretamente e manter níveis adequados de glicose no sangue é essencial para evitar a progressão da doença.

Dieta saudável

  • Priorizar alimentos ricos em fibras, como grãos integrais, verduras, legumes e frutas;
  • Reduzir a ingestão de carboidratos refinados e açúcares;
  • Evitar consumo excessivo de álcool: A ingestão de álcool pode agravar a doença hepática. Além disso, é importante consultar o médico para avaliar o impacto de medicamentos no fígado.

A implementação dessas mudanças no estilo de vida é crucial para o controle e reversão da esteatose hepática, prevenindo complicações futuras, como esteatohepatite, fibrose e cirrose.

A importância da conscientização

Um conceito fundamental é que a doença gordurosa do fígado é reversível se diagnosticada precocemente. Contudo, quando identificada em estágios avançados, a reversão se torna mais difícil. Em muitos países, essa condição já representa a principal causa de indicação para transplante hepático.

Diante desse cenário preocupante, torna-se urgente promover campanhas de conscientização tanto para a população em geral quanto para os médicos da atenção primária. É necessário combater a percepção equivocada de que o fígado gorduroso é um problema menor e sem grandes consequências. Na realidade, se não tratado adequadamente, pode evoluir para esteatohepatite, fibrose, cirrose e até câncer de fígado.

Consulte um Especialista

Se houver diagnóstico de gordura no fígado, é essencial procurar ajuda médica. A orientação de um gastroenterologista clínico ou de um hepatologista pode ser determinante para o sucesso do tratamento e a preservação da saúde hepática.

 Continue acompanhando nosso site e tenha acesso às informações de saúde e bem-estar confiáveis para você se cuidar melhor!

Veja o vídeo com a explicação da especialista: