Trombofilia: quando a coagulação do sangue se torna um desafio
Para entender o que é a trombofilia, é essencial explorar o funcionamento do sangue e o processo de coagulação, pois isso ajudará no esclarecimento de como e porque ocorre essa condição.
Cada vez que ocorre um sangramento após um corte ou lesão, o corpo aciona o sistema de coagulação. Esse sistema engloba diversos mecanismos que visam formar um coágulo, também conhecido como trombo, que age como uma rolha para bloquear o vaso sanguíneo lesado, estancando o sangramento.
A trombose, por sua vez, ocorre quando há um desequilíbrio nesse mecanismo de coagulação, levando à formação excessiva de coágulos. Esses coágulos podem obstruir o próprio vaso onde se originaram, causando sintomas locais, como ocorre na trombose venosa profunda das pernas. Ou então, podem ser transportados pelo sistema circulatório até os pulmões, resultando em uma condição chamada tromboembolismo pulmonar.
Embora o risco de trombose possa aumentar em situações como longos períodos de imobilidade durante viagens de avião, diagnóstico de câncer, cirurgias prolongadas e gravidez, essas situações não são classificadas como trombofilias.
Afinal, o que é trombofilia?
A trombofilia é o termo médico utilizado para descrever condições em que o organismo produz uma quantidade anormalmente elevada de coágulos sanguíneos.
As trombofilias podem ser causadas por doenças genéticas hereditárias, como a mutação no fator V Leiden e no gene da protrombina, bem como por condições que podem se desenvolver ao longo da vida, como a síndrome do anticorpo antifosfolípide.
Quando suspeitar de trombofilia?
- Tromboses sem fatores de risco óbvios: se uma trombose ocorrer sem fatores de risco conhecidos, como viagens prolongadas, cirurgias, câncer ativo, gravidez ou pós-parto;
- Tromboses em locais incomuns: tromboses que ocorrem em locais pouco comuns, como vasos sanguíneos do sistema nervoso ou vasos abdominais, devem ser motivo de suspeita;
- Histórico familiar: se alguém na família já teve trombose, especialmente em idade jovem, ou se já foi diagnosticada uma trombofilia hereditária.
- Abortos de repetição: para as mulheres que experimentaram três ou mais abortos consecutivos sem causa aparente, a trombofilia é uma causa potencial, que deve ser investigada. No entanto, é importante ressaltar que existem diversas outras causas de aborto recorrente.
Em caso de suspeita por se enquadrar em alguma dessas situações, é fundamental buscar ajuda médica para avaliação adequada e para obter um diagnóstico preciso. Saiba que o diagnóstico de trombofilia envolve a análise da história clínica do paciente e a realização de exames de sangue específicos, como testes genéticos e avaliação detalhada da coagulação.
Tratamento para trombofilia
É importante salientar que o tratamento é recomendado para pacientes que, além de apresentarem trombofilia, também têm um diagnóstico confirmado de trombose. A trombose é uma condição médica que requer atenção imediata, pois a falta de tratamento adequado pode ter sérias consequências, incluindo risco de vida.
O tratamento é baseado no uso de medicamentos, conhecidos como anticoagulantes, que reduzem a capacidade do organismo de formar novos coágulos sanguíneos. Esses medicamentos podem ser administrados sob a forma de comprimidos ou injeções abdominais e, em muitos casos, devem ser utilizados ao longo da vida.
Além disso, é fundamental reforçar que medidas gerais de promoção da saúde também podem ajudar a reduzir o risco de trombose. Isso inclui parar de fumar, praticar regularmente atividades físicas e manter um peso saudável.
Considerações específicas
Trombose e COVID-19: A COVID-19 aumenta significativamente o risco de trombose, especialmente em casos graves, com uma taxa de quase 20% em pacientes internados em UTIs. A vacinação é a forma mais eficaz de prevenir tromboses associadas à COVID-19. É importante enfatizar que os casos de trombose relacionados à vacinação são extremamente raros e, em geral, não há contraindicação para a vacinação contra a COVID-19 em pacientes com histórico de trombose.
Trombose e anticoncepcionais: o uso de anticoncepcionais hormonais, como pílulas, adesivos ou injeções, pode afetar o sistema de coagulação. Antes de iniciar o uso de anticoncepcionais, especialmente se houver histórico de trombose pessoal ou na família, é essencial discutir o risco com um profissional de saúde.
Prevenção em situações de risco: em viagens longas com mais de seis horas de duração, o uso de meias elásticas pode ser considerado como medida preventiva. Durante internações hospitalares e após cirurgias, o uso de anticoagulantes pode ser recomendado para pacientes em maior risco. Gestantes com maior risco de trombose, conforme avaliação médica, podem necessitar de anticoagulantes, incluindo o período pós-parto. Alguns pacientes com câncer podem receber medicamentos anticoagulantes como medida preventiva.
É importante saber que a pesquisa de trombofilia geralmente não altera o tratamento da trombose na maioria dos casos, independentemente do resultado. Vale ressaltar que alguns tipos de câncer aumentam o risco de trombose mais do que a maioria das trombofilias.
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